quinta-feira, 14 de julho de 2011

Inclusão: Uma proposta em ascensão!



O ato de incluir, não deve significar simplesmente matricular educandos com necessidades educacionais especiais no ensino regular, mas assegurar ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica.

Essa proposta implicará em uma nova postura da escola comum que deverá propor, no projeto pedagógico, no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educadores, ações que verdadeiramente favoreçam a integração social e a opção dos agentes educativos por práticas heterogêneas e atentas à diversidade existente na escola. É algo possível, viável, mas que exige pensar, querer e encarar o árduo caminho para mudar.

Nos últimos anos, essa postura vem sendo progressivamente buscada e começa ser alcançada como resultado de um aumento expressivo de estudos na área e da aprovação de legislações, voltadas para assegurar direito e disciplinar o atendimento dessa clientela. Em consequência disso, o aluno com necessidades educacionais especiais está sendo mais facilmente aceito nas escolas e começa a ser considerado como pessoa que apresenta ritmos, características, aprendizagens e emoções, às vezes diferenciadas, requerendo apenas um novo olhar e um novo direcionamento da escola.

O conhecimento é algo que se encontra em constante transformação, revisão, superação. E, particularmente no campo da educação especial, as descobertas e inovações trazidas pela ciência e a tecnologia, abrem continuamente novas possibilidades, cobrando dos profissionais, investigação e a abertura para o novo. Sob este aspecto, o espaço para pesquisa e para a produção do conhecimento deve formar o eixo motivador de um trabalho o mais interdisciplinar possível, articulando docentes e aluno nessa tarefa de construção social do saber.

São medidas também importantes ao processo inclusivo; a redução do número de alunos por turma, a estruturação de um serviço sistemático de apoio especializado ao docente regular, um trabalho de orientação e de acompanhamento permanente com os pais e uma campanha de educação comunitária intensa voltada para a conscientização acerca da problemática da inclusão.

O professor precisa ter a oportunidade de socializar o seu saber específico junto aos outros profissionais da equipe, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino oferecido na escola e envolvendo-se com essa equipe na busca de alternativas que minimizem as diferenças entre os alunos. O currículo deve servir como roteiro ao professor e deve ser flexível e modificado de acordo com as aprendizagens individuais. Os educandos podem e devem ser co-autores de planos escolares, vivenciando todos os atos, do planejamento à avaliação, respeitando-se mutuamente. Nesse processo, há necessidade de também se avaliar interesses, motivações, potencialidades, necessidades acadêmicas, habilidades etc. As avaliações devem ser processuais e direcionadas a um replanejamento do ensino.

O desafio é construir e pôr em prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser comum ou válida para todos os alunos da classe escolar, porém capaz de atender os alunos cujas situações pessoais e características de aprendizagem requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isto sem demarcações, preconceitos ou atitudes alimentadoras dos indesejáveis estigmas. Ao contrário, pondo em andamento na comunidade escolar, uma conscientização crescente acerca dos direitos de cada um.

Nas palavras de Luckesi (2005), não é descabido buscar, experimentar e construir um novo caminho. Afinal somos parte da totalidade e, quando uma parte do todo se move, de alguma forma, o todo também se move; e, assim, iremos fazendo a revolução, que nada mais é do que o próprio caminho da história dos homens neste planeta e neste tempo, em busca de uma vida individual e coletiva mais satisfatória, mais alegre, mais feliz, mais bela...


Referência Bibliográfica

LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. Salvador: Editora Malabares Comunicação e Eventos Ltda, 2005.


Quer aprofundar sobre Inclusão?
Leia:

ALARCÃO, I. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.

___________. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003.


BAPTISTA, C.; BEYER, O. H. et al. Inclusão e escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.


BEYER, O. H. Da integração escolar a educação inclusiva: implicações pedagógicas.


In: BAPTISTA, C. et al. (Orgs.). Inclusão e escolarização: múltiplas perspectivas: Porto Alegre: Mediação, 2006.


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LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. Salvador: Editora Malabares Comunicação e Eventos Ltda, 2005.


MANTOAN, M. T. E. Ser ou estar - eis a questão - explicando o déficit intelectual. Rio de Janeiro: WVA, 1997.


_____. Inclusão Escolar: o que é? Por que? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.


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